terça-feira, 25 de setembro de 2007

A Extinção do Papel é um Mito

A XIII Bienal Internacional do Livro, ocorrida entre os dias 13 e 23 de setembro de 2007, no Rio de Janeiro, é a prova atual de que o fim do uso do papel para impressão está muito longe de se tornar uma realidade. O evento deste ano vendeu 2,5 milhões de livros e arrecadou 43 milhões de reais. Números já expressivos e ainda maiores que o das Bienais anteriores. Para os profetas da era digital, que apostam que o papel ficará para as traças, as estatísticas indicam exatamente o contrário.

No que se refere à circulação de jornais e revistas, alguns estudos apresentam uma ligeira queda nos Estados Unidos, na Europa ocidental, na América Latina, na Austrália e na Nova Zelândia, em função do crescente acesso à Web e da grande disponibilidade de informações neste e em outros meios digitais. Ainda assim, os números são pálidos e revelam que o reinado do papel impresso está bem distante do fim. Seu consumo ainda é tão elevado que vem obrigando as grandes empresas do setor de celulose a investirem cada vez mais no cultivo de enormes áreas de florestas particulares, com objetivo de exploração através do extrativismo renovável. Sinais evidentes de que os tempos são outros, hábitos estão mudando, a tecnologia está sendo aprimorada, atitudes ecologicamente sustentáveis estão sendo tomadas, mas que, na prática, demonstram que a sociedade não está disposta a abrir mão do uso do papel.

Uma pesquisa realizada recentemente pelo Observatório de Mídia e Audiência do Centro Latino-Americano de Economia Humana, no Uruguai, aponta que metade dos leitores de jornais digitais, naquele país, não está disposta a renunciar à compra da versão impressa, e que os jovens estão “ávidos por repetirem a experiência de leitura de seus pais”. Outro interessante sinal de que a tecnologia pode ser companheira da tradição.

Quando o uso de computadores e da internet começou a se difundir, as apostas eram que o papel estaria com seus dias contados. Se arquivos, relatórios e correspondências pessoais podem ser enviados de uma pessoa para outra pelo computador, serem lidos e guardados nele, o papel perderia sua função. Ou pelo menos era o que se acreditava.

Apesar da crescente importância da comunicação digital, houve um aumento incrível no uso do papel, impulsionado pela própria informática. As pessoas recebem textos e imagens e imprimem, em vez de apenas armazenarem no computador.

O fato é que é muito mais confortável ler um texto impresso em uma folha de papel do que na tela do computador. A conveniência de tê-lo fisicamente para fazer anotações ou apenas guardá-lo em alguma gaveta é incomparável. Outro problema do meio digital são os inúmeros arquivos gravados em nossos HDs, que vão se acumulando e se perdendo em meio aos outros. Se algo é importante, imprimimos.

Concluindo, por mais que os crescentes índices de produção e consumo de papel apontem para um futuro com muitos anos de vida para este setor, e calem certas previsões, é razoável sim – por que não? – imaginar que um dia a utilização do papel possa diminuir em função da mudança de consciência da humanidade, das novas tecnologias e da otimização de recursos (preservação e reciclagem). Tais fatores poderão evitar desperdícios e gerar equilíbrio no uso do papel. Porém, dificilmente sua extinção. Mas quem pode determinar o amanhã?

REFERÊNCIAS
Agência EFE –
www.efe.com
CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) – www.cempre.org.br
Revista Veja - Ano 32 - n. 50 - ed. 1628 - 15.12.1999 - Pág. 74/75